O que o mundo precisa agora: Uma intervenção para a promoção de comportamentos pró-sociais

Por Helena Bento

Uma ação boa por dia, sabe o bem que lhe fazia? Se calhar sabe.

Provavelmente já se sentiu bem consigo próprio depois de ter ajudado alguém, feito voluntariado, ou doado para uma causa.

As boas ações são para quem as recebe e para quem as pratica, esta é uma das conclusões de um estudo de Rachel Baumsteiger, uma investigadora da Universidade de Yale, publicado na revista Basic and Applied Social Psychology em 2019.

Esta informação é concordante com estudos anteriores, que revelam que os comportamentos pró-sociais além de beneficiarem quem recebe as boas ações suscitam emoções positivas (*1) e reduzem o stress (*2) de quem as pratica.

Mas será possível fazer com que adotemos mais comportamentos em prol dos outros?

Baumsteiger testou jovens entre os 16 e 25 anos que participaram — ou não — numa intervenção com o objetivo de aumentar comportamentos pró-sociais.

Os participantes visionaram curtos vídeos que explicavam que comportamentos pró-sociais se tratam de comportamentos voluntários de ajuda a outras pessoas e quão importante é ter estes gestos altruístas. Os participantes viram também vídeos que ilustravam estes comportamentos altruístas, por exemplo, através imagens de um jovem desportista a ajudar um adversário da sua equipa numa situação de lesão.

Participaram ainda noutras tarefas, tais como: descrever as suas virtudes e sobre pessoas a quem são gratas; escrever os valores que consideravam importantes em si, como pessoas; pensar e escrever em como poderiam no futuro criar um impacto positivo no mundo, e descrever detalhadamente um plano de 10 dias, com pequenas boas ações diárias para alguém e seguidamente pô-lo em prática nesses dias consecutivos.

Mas em suma, demonstrou este programa eficácia? Sim!

Quando comparados com jovens da mesma idade que, em vez de passarem por esta intervenção efectuaram tarefas de controlo relacionadas com humor, os participantes que completaram a intervenção demonstraram mais predisposição e intenção para ter comportamentos pró-sociais imediatamente após o programa e, pelo menos, um mês após o programa.

Algumas características de predisposição ao comportamento pró-social também aumentaram com esta intervenção. Por exemplo a empatia — capacidade de nos colocarmos no lugar do outro; a preocupação pelas outras pessoas; a consciência da capacidade que temos para ajudar; a responsabilidade social; e a identidade pró-social, ou seja, reconhecermos-nos como pessoas com características como ser gentil, altruísta ou generosa.

De uma forma geral descreveram ainda, que em agir de forma pró social, perceberam que as suas ações que requerem um esforço tão pequeno, podem ter tamanho impacto para os outros. Para estas pessoas ajudar foi como um orgulho pessoal.

Assim, um espaço de 11 dias foi tempo suficiente para implementar uma estratégia para aumentar os comportamentos pró-sociais. Diversos são os contextos nos quais, com pequenos gestos, podemos ajudar os outros, e fazer a diferença à nossa volta.


Referências

Baumsteiger, R. (2019). What the world needs now: an intervention for promoting prosocial behavior. Basic and applied social psychology, 41(4), 215–229.

(*1) Aknin, L. B., Dunn, E. W., & Norton, M. I. (2012). Happiness runs in a circular motion: Evidence for a positive feedback loop between prosocial spending and happiness. Journal of Happiness Studies, 13(2), 347–355.

(*2) Poulin, M. J., & Holman, E. A. (2013). Helping hands, healthy body? Oxytocin receptor gene and prosocial behavior interact to buffer the association between stress and physical health. Hormones and Behavior, 63(3), 510–517.

Carlos Costa