Obstáculos Psicológicos à ação climática

Quando vemos nas notícias que líderes mundiais voam de jato privado para a conferências do clima, ou quando sabemos que o 1% mais rico da população produz mais emissões que os 66% mais pobres, pode ser fácil ficar desmotivado.

A mudança dos nossos comportamentos em relação à emergência climática pode ser difícil mas não é impossível. Investigação em Psicologia sugere que podemos adotar comportamentos mais sustentáveis.

Para além da vontade individual, é através da educação, das práticas e políticas dos nossos governos, e também através de instituições, empresas ou até celebridades que mudanças positivas podem acontecer. As nossas escolhas são determinadas pelo contexto e opções disponíveis.

Contudo, existem obstáculos psicológicos à mudança, e num artigo da revista Science em 2017 alguns foram mencionados:

  • Somos avesses à mudança

Mudar pressupõem ter um comportamento diferente, e do ponto de vista humano é desconfortável fazer algo que é desconhecido, e que pode implicar perder algo já adquirido.

Quantes de nós, e outres à nossa volta, estamos dispostos a abdicar de veículo próprio ou de viagens de avião?

  • O mundo como o conhecemos

É industrializado, urbanizado e dependente de tecnologias que não são amigas do ambiente. Existe de forma geral uma menor conexão com a natureza, e entendimento dos nossos recursos ambientais e ecossistemas. Quando isto acontece mais dificilmente adequamos o nosso comportamento para minimizar a degradação do planeta.

  • Necessidade de Pertença

Existem normas sociais que regem a vida em sociedade, e quando quebradas podem causar desconforto e medo de desaprovação social. Antes de alguma coisa ser instituída e aceite em sociedade, pode ser vista como estranha ou sem sentido — por exemplo usar sacos reutilizáveis.

  • O problema está longe

Não só achamos que o problema não chegou, como achamos que ainda está longe, e portanto não é para nos preocuparmos nós, hoje, alguém o fará no futuro.

O facto de não sentirmos um impacto imediato das nossas ações leva-nos a agir menos.

  • Subestimamos o poder individual

Frequentemente ao fazermos escolhas que nos beneficiam individualmente podemos penalizar o bem estar comum. Tomar banhos mais demorados “não vai fazer a diferença no mundo”, contudo esse pensamento multiplicado por biliões que somos é a prova de que até os mais pequenos gestos têm impacto.

Carlos Costa