Solidão no Mundo

Por Sofia Coelho

Solidão pode ser definida como a discrepância entre as relações sociais desejadas e as relações sociais existentes, tendo um impacto negativo no bem-estar. Entender o que pode levar a que nos sintamos sozinhxs e o que nos mantém assim é crucial para prevenir e mitigar os efeitos da solidão.

Num artigo de Manuela Barreto et al. (2021), no jornal Personality and Individual Differences, xs investigadorxs usaram a base de dados do BBC Loneliness Experiment para avaliar os efeitos da cultura, idade e género na solidão. Esta base de dados conta com 46054 participantes de 237 países, com idades entre os 16 e os 99 anos, que responderam a questões online sobre a sua vida social e as suas experiências com a solidão.

Individualismo e solidão:

Culturas individualistas colocam maior ênfase na autoconfiança e estão associadas a redes sociais mais abertas e menos interligadas, enquanto que culturas coletivistas encorajam a interdependência e estão associadas a redes sociais mais próximas. Uma menor interdependência em culturas mais individualistas pode explicar a associação entre individualismo e solidão.

Idade e solidão:

A investigação sugere que muitxs adolescentes têm dificuldade em encontrar um equilíbrio entre as expetativas de criar amizades íntimas e as expetativas de desenvolver independência dxs amigxs e família, o que pode levar à solidão. Além disso, não só adolescentes como jovens adultos parecem ser vulneráveis à solidão devido à instabilidade das suas redes sociais.

Já as pessoas na sua meia-idade podem ser particularmente vulneráveis à solidão trazida pelo estatuto no emprego, vencimento, separação ou disponibilidade reduzida.

Por sua vez, a solidão em pessoas mais idosas frequentemente emerge devido à perda de membros nas suas redes sociais, morar sozinho ou mobilidade reduzida. No entanto, os resultados deste estudo sugerem que a solidão diminui com a idade.

Género e solidão:

Apesar de a investigação mostrar que homens têm maior relutância em admitir sentirem-se sozinhos, os resultados deste estudo mostraram que a solidão foi maior nos homens do que nas mulheres.

É importante ter em consideração que homens jovens que vivem em culturas individualistas parecem ser mais vulneráveis à solidão e a experienciá-la mais intensamente e durante mais tempo.

Carlos Costa